Não é a primeira vez que me pergunto isto: Quem é mais ousado, aquele que se arrisca ao novo ou quem opta pelo tradicional?
Ao se tratar de cozinha, vejo esta com uma questão sem respostas, onde na verdade não devem haver respostas. O que seria do mundo se todos se apegassem a falta de novidades, ou então, não aceitassem as culinárias clássicas, em seus pratos emblemáticos. É um ponto de bom senso, de opção, de gosto.
Meu questionamento surge pelo simples fato de achar que vender um espaguete à bolonhesa ou um bife à parmegiana seja tão ousado quanto uma comida tecnoemocional, cheia de espumas e esferificações. Se é um prato tradicional, que o cliente já comeu várias vezes, ele vai querer o melhor. Isto se ele ainda não for mais exigente e não permitir nenhuma diferença desta receita para a que sua avó italiana fazia às quintas feiras.
Claro que caviar de melão e sorvete de ovos mexidos com bacon, não é para qualquer chef e, muito menos um prato para todo dia. Também, não estou aqui para falar para os self-services servirem espuminha de feijão branco. É uma questão do chef imprimir sua personalidade nos pratos e proporcionar uma experiência única, seja ela através de um inesquecível pudim de leite condensado ou uma entrada feita com técnicas ultra modernas. O que não vale é assentar na cadeira do conformismo e reclamar da "onda molecular" ou não abrir um sorriso diante novas sensações de "deja-vú".
Em meio a tantos ousados, quem ganha somos nós. É deste "atrevimento" que surgem novas idéias. Ousadia é como fazer um couver de um grande clássico do rock: O resultado pode ser gritante, assim como Edson Cordeiro cantando Satisfacion, ou uma surpresa confortante, como fez Joe Cocker em With a Little Help From My Friends.