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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ousadia!

Não é a primeira vez que me pergunto isto: Quem é mais ousado, aquele que se arrisca ao novo ou quem opta pelo tradicional?
Ao se tratar de cozinha, vejo esta com uma questão sem respostas, onde na verdade não devem haver respostas. O que seria do mundo se todos se apegassem a falta de novidades, ou então, não aceitassem as culinárias clássicas, em seus pratos emblemáticos. É um ponto de bom senso, de opção, de gosto.
Meu questionamento surge pelo simples fato de achar que vender um espaguete à bolonhesa ou um bife à parmegiana seja tão ousado quanto uma comida tecnoemocional, cheia de espumas e esferificações. Se é um prato tradicional, que o cliente já comeu várias vezes, ele vai querer o melhor. Isto se ele ainda não for mais exigente e não permitir nenhuma diferença desta receita para a que sua avó italiana fazia às quintas feiras.
Claro que caviar de melão e sorvete de ovos mexidos com bacon, não é para qualquer chef e, muito menos um prato para todo dia. Também, não estou aqui para falar para os self-services servirem espuminha de feijão branco. É uma questão do chef imprimir sua personalidade nos pratos e proporcionar uma experiência única, seja ela através de um inesquecível pudim de leite condensado ou uma entrada feita com técnicas ultra modernas. O que não vale é assentar na cadeira do conformismo e reclamar da "onda molecular" ou não abrir um sorriso diante novas sensações de "deja-vú".
Em meio a tantos ousados, quem ganha somos nós. É deste "atrevimento" que surgem novas idéias. Ousadia é como fazer um couver de um grande clássico do rock: O resultado pode ser gritante, assim como Edson Cordeiro cantando Satisfacion, ou uma surpresa confortante, como fez Joe Cocker em With a Little Help From My Friends.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Para fugir do frio

Nada melhor do que esse clima frio que vem acolhendo Belo Horizonte recentemente. É este o sinal de largada para a temporada dos vinhos encorpados, fondués e todos aqueles pratos confortantes, que esperaram ansiosamente para reaparecer. Reconheço que a cidade fica encantadora e elegante, mas aqui vai uma dica: Nos arredores da capital, onde o frio é ainda mais intenso, existem excelentes e charmosos restaurantes, dispostos a dependurar nossos casacos.

Três sugestões:


La Victoria: Um casarão acolhedor, de pé direito alto e móveis em madeira de demolição. O restaurante, divido em três ambientes, conta com aquecedores e um belo jardim de inverno. As especialidades ficam por conta dos belos cortes de carne vindos diretos da parilla, como a picanha em tiras e as costeletas de cordeiro uruguaias. Outra excelente opção é o bacalhau oferecido pela casa, servido em posta alta, guarnecido com cebolas, azeitonas e batatas ao murro.


Rua Hudson, 675, Jardim Canadá. Nova Lima - MG. Tel.: (31) 3581.3200
Terça a sexta-feira das 19h à 1h30m; Sábado das 12h à 1h30m; Domingo das 12h às 19h.


Foto: Divulgacão
Passaggio: Em meio a mata nativa, encontra-se este lindo restaurante comandado pela Chef Luciana Couto Leite. O ambiente une uma decoração de bom gosto com a tranquilidade da região. No menu, risottos e massas clássicas da culinária italiana, além de reinterpretações da Chef, como uma deliciosa entrada de frito misto (camarões, lulas e abobrinhas) e um fantástico risotto de coelho com tomilho. Para a sobremesa o clássico: Banana flambada com caramelo e sorvete de creme.

Rua Seis de Outubro, 1987 - Estrada da Cachoeira. Macacos (São Sebastião das Águas Claras) - MG.
Tel.: (31) 3547.7467
Quinta e sexta-feira, das 19h à 0h; Sábado das 12h à 0h; Domingo das 12h às 19h.


Foto: Paulo Correia
DiVino: Restaurante charmoso, agradável e receptivo. Fica a critério do cliente escolher entre os três salões do primeiro piso, ou sentar-se no andar superior. É possível estar ao lado da lareira e pedir deliciosas opções do menu, como: Bruschetta italiana, Filet ao molho de chocolate com capellini e o Petit gateau DiVino. Uma ótima opção!

Quinta Avenida, 144 - loja 6, Vale do Sol. 
Nova Lima - MG. Tel.: (31) 3541.4272.
Quarta a sábado, das 19h30m à 0h30m; Domingo das 12h30m às 16h30m.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Top 50

Recentemente foi divulgada a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, na publicação anual da revista britânica Restaurant, que conta com o apoio da S. Pellegrino.
Este ranking já virou uma referência internacional, onde mais de 800 jurados, espalhados pelos quatro cantos, distribuem suas notas.
No resultado nenhuma grande surpresa, o Noma de René Redzepi no topo do pódio, três espanhois no top 10 (agora sem a companhia do El Bulli), sete franceses e seis italianos entre os 50 primeiros.
A alegria para nós brasileiros, fica por conta do D.O.M, de Alex Atala, subindo onze posições e conquistando o sétimo lugar. Além dele, outros dois paulistas no Top 100: Fasano em 59° e o Maní, de Helena Rizzo e Daniel Redondo, em 74°. Fica aqui a satisfação por estas três grandes cozinhas e o desejo de vê-las, em colocações ainda mais altas, quem sabe na companhia de outros tupiniquins.

O Top 10:

1 - Noma (Dinamarca) 
2 - El Celler de Can Roca (Espanha) 
3 - Mugaritz (Espanha) 
4 - Osteria Francescana (Itália) 
5 - The Fat Duck (Reino Unido) 
6 - Alinea (EUA) 
7 - D.O.M. (Brasil) 
8 - Arzak - (Espanha) 
9 - Le Chateaubriand (França) 
10 - Per Se (EUA)

No site da competição é possível visualizar a lista completa e também fazer sua reserva de compra para uma ou mais publicações (£15.70 para o Brasil). 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre a tal rima




Pelo menos uma vez, você já escutou o dito popular da capital mineira: "Quem não tem mar vai para o bar". Realmente, é super interessante, mas quer saber... Discordo! 
Por mais que a região da Pampulha abrigasse as areias mais finas e brancas, fosse banhada por um mar cristalino, digno de deixar qualquer praia caribenha no chinelo, não acho que trocaríamos nossos fantásticos e numerosos bares por causa dos encantos de Iemanjá. Já é uma questão cultural, incorporada em nossos passos do dia-a-dia. Se você quer encontrar mineiro torrando ao sol, basta ir a Cabo Frio ou Guaraparí - lá eles se sentem em casa. Mas, se você procura por um belo horizontino, fazendo o que realmente gosta, te dou cerca de 12 mil lugares para encontrá-lo. 
Estamos falando da maior relação de bares por habitante do mundo, e não é só uma questão de números, tem qualidade nisto também. Que nossa culinária é riquíssima, regada por ingredientes regionais incríveis e temperos característicos, todo mundo já sabe, mas isto está refletido em todas aquelas porções e petiscos, que alimentam nosso bom bate-papo e fazem companhia para uma cerveja gelada. Se opção não falta, qualidade muito menos.
E acreditem, temos até o nosso próprio concurso de Surf! O genial "Comida di Buteco", que divulga o que a cidade tem de melhor. Da gosto de ver todos os nossos "atletas" fazendo com alegria o que realmente gostam. Definitivamente, nossa praia é outra!

Três sugestões para estender essa conversa:

Foto: Milton Campos

Köbes: Uma experiência inesquecível para qualquer botequeiro. Você pode encontrar no cardápio carnes como javali, perdiz, codorna, coelho e rã, além do carro chef: um pato ao arroz mole (sob encomenda). Para os mais tradicionais fica uma deliciosa sugestão de tira-gosto: A linguiça de pernil aberta, coberta com queijo e cebola ao shoyu. Para acompanhar os vários petiscos e pratos, mais de 250 opções de cachaça, além da boa cerveja gelada. Imperdível. 



Rua Professor Raimundo Nonato, 31-A - Horto. Belo Horizonte - MG. Tel.: (31) 3467.6661. 
De terça a sexta-feira, das 18h à 0h; Sábado das 12 à 0h; Domingo e feriados das 12h às 17h.


Foto: Divulgação
Boi Prudente: O bar não abre mão da cerveja gelada e um atendimento pontual. Da churrasqueira saem várias opções de espetos, de diversos tamanhos, sempre acompanhados de farofa e vinagrete, e em alguns casos mandioca cozida na manteiga de garrafa, também. Como sugestão, o brochete de boi, servido ao ponto, com cebola, bacon e pimentão.

Avenida Prudente de Morais, 1174, Cidade Jardim. Belo Horizonte - MG. Tel.: (31) 3296.1326.
Segunda feira, das 17h à 0h; Terça a sexta-feira das 17h às 02h; Sábado das 11h às 02h; Domingo, das 11h à 0h. 


Bar do Antônio (Pé de cana): Já é um ponto tradicional na cidade com mais de 40 anos. Sente em uma das mesas da calçada e peça alguns petiscos e vários chopes. Fica a sugestão da panceta pururucada, recheada com linguiça, servida com uma deliciosa salada de batatas.

Rua Flórida, 15, Sion. Belo Horizonte - MG.
Tel.: (31) 3221.2099. 
De segunda a sábado, das 11h à 01h; Domingo das 11h às19h.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Primeiro Post


Quem sabe, o "primeiro de muitos". Vou aproveitar o clima de estréia para tentar explicar o porque disto tudo.
Já não sei mais descrever qual é a minha relação com a gastronomia. Se sou um admirador, um fã de carteirinha ou um amante, mas, com certeza, não é um hobby. Hobby é quando um cardiologista, que trabalha 60 horas por semana, resolve aprender esgrima, origami ou ocupa as horas vagas fazendo a árvore genealógica da família. Curso de dança do ventre pode ser um hobby, gastronomia para muitas pessoas (de bom gosto) também é. Mas, não acho que seja o meu caso.
Gosto de me classificar como inquieto ou curioso, boa parte do meu tempo, leio, pesquiso, escrevo, estudo e "respiro" cozinha. Vejo um prato em branco como um espaço para mil idéias, refém e indefeso diante dos criativos. Valorizo muito este ingrediente: a tal da "criatividade". A vejo como fundamental para a cozinha, devendo estar presente em qualquer cardápio, independente da estação.
Portanto, a proposta deste blog não é fazer uma crítica aos cardiologistas (afinal são eles que farão um balanço futuro de quanta manteiga eu comi ao longo da vida). Mas sim, abrir um espaço para sugestões, idéias, dicas, recomendações e qualquer aspecto que reflita a gastronomia e mereça destaque. É juntar a fome com a vontade de escrever, aprender a valorizar, também, um prato em branco que pode ser o começo de uma grande idéia.