Sempre me vi encantado diante de determinados públicos, muitos é claro, por identificação. Por exemplo, sou um fã dos Beatles, o que me rende excelentes bate-papos ou longas discussões. Não me conformo com o fato do vizinho, por ter uma Gibson e tocar mil notas por minuto, ser achar melhor que o George Harrison. Assim como me espanta, o público composto por inúmeros fãs de véspera, que aparecem de para-quedas em determinados shows. Uma coisa é você ser fã de "Yesterday", outra é ser fã de Paul McCartney. Claro que isso tudo é apenas um ponto de vista, que ao meu ver, deve ser defendido. Mas, não estou aqui para privar ninguém de cantar sua música preferida em alto e bom som e depois, ficar tentando identificar as palavras que saem da boca do cantor, batendo o pé fora do ritmo.
Em se tratando de gastronomia, ao sentar em uma mesa de restaurante, fico extremamente contente e admirado ao observar o público de diversas mesas: turmas de jovens, clientes fiéis, aniversariantes, recém casados, senhores com suas senhoras, curiosos, avós com os netos, famílias reunidas, casais de amigos e, até mesmo, aquela pessoa que está aparentemente sozinha, mas bem acompanhada de si mesma e contente de forma plena. É este o propósito da gastronomia! Ela nos une, eterniza momentos, marca datas de noivado, promove reencontros, bodas de diamante e faz de uma simples noite de terça-feira, algo agradável e único.
Mas, nem tudo são rosas. Há também aqueles que a utilizam como alimento para o ego, exibicionismo ou puro status. Nota-se logo quando chega ao restaurante: Carro importado, provavelmente alugado, discute com o manobrista e pede para exibir o veículo o mais próximo possível da entrada. Se depender dele, o jantar é servido em cima do capô. Dentro do estabelecimento, fala alto e trata o garçom com total desrespeito. Escolhe o vinho pela faixa de preço e, com dificuldades para pronunciar o nome do Château, esquece que a França produz, também, os piores vinhos do mundo. Reclama que o menu não tem foie gras e sugere ao chef incluí-lo, homenageando-o com seu nome. Depois de horas de papo chato e tentativas de enrolar o spaghetti, devolve o prato dizendo que não está "Al dente".
Enfim, é isso que tira o aconchego de qualquer restaurante, ofuscando totalmente seu objetivo inicial. A mesa é um lugar de confraternização e igualdade, não um suporte para Rolex. Devemos tratá-la com respeito e humildade, pois, com certeza ela tem muito a nos ensinar.
Bon appetit!
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